ENTREVISTA
Urologista Dr Filemon Silva Casafus reforça a importância de exames de rotina para diagnosticar precocemente o câncer de próstata.
Diretor da Sociedade Brasileira de Urologia, seccional São Paulo, o urologista Filemon Silva Casafus, assumiu a coordenação da campanha Novembro Azul no interior do Estado de São Paulo e ampliou as ações de conscientização dos exames de rotina para diagnosticar o câncer de próstata logo no início, quando as chances de cura são enormes.
Formado pela Unesp/Botucatu em 2000, onde fez especialização em cirurgia geral e urologia, Doutor Filemon veio para Bauru em 2005, quando começou sua trajetória profissional de sucesso. Atualmente atende na Clínica Sammã, onde recebeu a nossa equipe para falar sobre o Novembro Azul, tratamento do câncer de próstata, importância dos exames de rotina, preconceito dos homens e muito mais!
Como surgiu o movimento Novembro Azul?
“Em 2003, na Austrália, um grupo de homens se uniu para chamar atenção para a saúde do homem. Eles vestiram roupas azuis- cor escolhida para representar o movimento, assim como acontece com Outubro Rosa – e passaram a usar bigode. A partir daí, a ideia se espalhou pelo mundo e chegou ao Brasil. A Sociedade Brasileira de Urologia acreditou na força do movimento, bem como o Inca – Instituto Nacional do Câncer- e o Ministério da Saúde, uma vez que o câncer de próstata mata tanto quanto o câncer de mama”.
Quais doenças afetam a próstata?
“Próstata é uma glândula com poucas funções. Basicamente ajuda na continência urinária e produz uma parte do líquido seminal. É natural ocorrer o crescimento da próstata a partir dos 50 anos. Em algumas pessoas, acontece até um pouco antes. É um crescimento benigno, não tem relação com câncer. Essa doença é chamada de hiperplasia benigna da próstata, que pode ser tratada com medicamentos e em casos mais graves, exige cirurgia. Mas de uma forma geral, não causa sintomas nem necessita de medicamentos. Outra doença que pode atingir a próstata é a prostatite, uma infecção cuja bactéria se aloja na região, provocando febre, dor para urinar e retenção de urina. A terceira doença que atinge a próstata é o câncer, segunda neoplasia mais comum entre os homens, perde apenas para o câncer de pele”.
Ainda existe preconceito dos pacientes para fazer o exame preventivo?
“Ainda é um problema a questão do preconceito! Diminuiu, mas ainda existe. É importante que os homens se conscientizem que precisam fazer o rastreamento, ou seja, ir ao médico para fazer os exames tanto de PSA quanto o de toque retal, que detectam o problema logo no início. E 90% dos casos de câncer de próstata têm cura se diagnosticados na fase inicial. Mas para convencê-los a vir ao consultório, normalmente apelamos para as mulheres. A maior parte dos agendamentos no meu consultório é feita pelas esposas. Elas precisam cuidar delas e dos maridos também. E a ampla divulgação sobre o Novembro Azul contribui bastante também para essa conscientização”.
Em relação ao tratamento do câncer de próstata, existe alguma novidade?
“Câncer de próstata é uma doença silenciosa, é diagnosticado nos exames. Paciente não deve esperar por sintomas para procurar um médico. Quando há alteração no PSA ou no toque, o especialista pede uma biópsia de próstata para confirmar a presença de tumor. A partir daí, temos o tipo de câncer, de crescimento mais lento, intermediário ou rápido. No caso mais lento, paciente faz uma série de exames periódicos para controlar o crescimento do tumor -PSA a cada três meses, repetir biópsia e e ressonância uma vez por ano. Crescimento intermediário e rápido, recomenda-se a cirurgia – a convencional, por laparoscopia ou robótica. A cirurgia robótica tem menos complicações para o paciente”.
A partir de que idade o homem deve se preocupar em fazer os exames?
“A partir dos 50 anos. E 45 anos para obesos, quem tem afrodescendência e histórico de câncer de próstata na família. Obesidade aumenta a incidência do câncer de pulmão, pâncreas, intestino e na próstata. A gordura depositada na pelve provoca uma inflamação crônica, que causa o câncer. E no caso dos afro descendentes, é a genética. Eles têm algum gene que faz com que aumente a incidência do câncer de próstata”.
De que forma a pandemia interferiu no diagnóstico dos casos de câncer de próstata?
“Durante a pandemia, notamos uma redução no diagnóstico do câncer de próstata. Não significa que tenha diminuído, mas que as pessoas foram menos ao médico, já que a preocupação era outra. Com isso, neste ano de 2022, estamos diagnosticando tumores em fase mais avançada”.
Houve mudanças na campanha Novembro Azul de 2021 para 2022?
“No ano passado, a maior parte da campanha focou na capital. Em 2022, temos uma coordenação para o interior do Estado de São Paulo, onde ampliamos as ações com especialistas participando de entrevistas – em rádios, TVs, jornais, revistas, aplicativos e podcasts – e de palestras. Também contamos com a participação de vários artistas e atletas falando sobre a importância dos exames. Além disso, temos painéis nas rodovias que contam o Estado de São Paulo com informações do Novembro Azul. Corinthians levou pacientes que venceram o câncer de próstata para assistirem a um dos jogos. Hospitais e empresas fizeram iluminação azul. Tudo para conscientizar os homens a se cuidarem maus”.
Para finalizar, qual mensagem deixaria aos homens?
“Primeiro de tudo, é preciso cuidar da saúde como um todo e fazer exames da próstata uma vez ao ano. Não podemos mudar nossa genética, podemos retardar o envelhecimento e devemos melhorar nossos hábitos quanto a alimentação e atividade física para combater o sedentarismo, que é um fator de risco para câncer de próstata e outras doenças”.
Contato
Clínica Sammã
Rua Azarias Leite, 17-37 – Centro
Bauru/SP (14) 3224-1208
@drfilemon
Entrevista realizada pela jornalista Gisele Peralta.
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